Dupla apavora com esportividade e estilo: garantia de ostentação
Texto e fotos: Bruno Bocchini
Se você faz parte do time que aprecia dirigir sem abrir mão de um desempenho empolgante e, de quebra, chamando muita atenção, o Mini John Cooper Works Roadster e Citroën DS4 vão mexer com a sua cabeça. Em teoria, você pode imaginar que um modelo não tem características para confrontar o outro. Engana-se. Apesar de o francês ser mais moderado que o inglês, ambos traduzem o verdadeiro espírito ‘pocket rocket’ e se transformam em opções quase exclusivas para jovens endinheirados.
Ambos possuem, além do desenho envolvente, marcas esportivas para atrair quem gosta de acelerar. As suspensões são mais rígidas e, com isso, os modelos se tornam máquinas de pista.
O Mini JCW Roadster é um conversível com motor 1.6 turbo de 211 cv. Com relação ao que equipa a versão Cooper, são 27 cv extras. Além disso, o JCW ainda conta com injeção direta de gasolina, controle de válvulas totalmente variável (Valvetronic) e turbo de dupla voluta, cujo comportamento, mesmo em baixas rotações, é exemplar. O câmbio, por sua vez, é automático de seis marchas com opção de trocas por meio de borboletas junto ao volante.
O motor que equipa o DS4 não poderia ser outro senão o 1.6 16V turbo, de 165 cavalos e 24,5 kgfm de torque. É o mesmo que vai sob o capô do DS3, do DS5, dos Minis tradicionais, dos importados da Peugeot e do BMW Série 1. Logo, é a escolha certeira quando se pretende algum compromisso com desempenho.
Em nossa avaliação, tudo isso se traduziu em ótimo comportamento. Para acelerar de 0 a 100 km/h, o Mini precisou de apenas 6s. Já a velocidade máxima, segundo a fabricante, é de 238 km/h. O melhor é que, mesmo assim, o consumo de combustível não se mostrou tão ruim, com 7,5 km/l em trajeto urbano e 15 km/l no rodoviário. É preciso lembrar, porém, que este Mini tem vocação esportiva. Ou seja, a sua suspensão prioriza a estabilidade (e não o conforto). Além disso, com a capota erguida, não há como disfarçar o ruído da estrutura metálica, que sacode bastante ao se trafegar pelas maltratadas ruas brasileiras.
O DS4 empolga com a oferta de torque mesmo em baixas rotações – não é preciso esperar o carro embalar para sentir o ânimo do propulsor. Nas velocidades de cruzeiro, o 1.6 THP é suave e silencioso, e graças à sexta marcha ele gira em 3.000 rpm aos 120 km/h, contribuindo para o baixo consumo de combustível – segundo o computador de bordo, foram 9,7 km/l de média em mescla de uso urbano e rodoviário. O câmbio possui trocas suaves, mas fica melhor ainda quando usado no modo manual – a única observação é que o modelo poderia receber o sistema paddle shift para trocas, assim como o Mini oferece. As ultrapassagens são fáceis e o motor ruge em quarta marcha.
Ao contrário do DS4, o Mini fabrica mais ruído interno – obviamente por conta da estrutura menor e diferentes acabamentos, especialmente para um conversível – mas o motorista esquece os barulhos ao escutar o ronco do motor quando enche a turbina. A cabine é invadida pelo som esportivo e a agilidade do pequeno empolga.
Por dentro, o Mini JCW possui bom acabamento e as costuras dos bancos e volante são bem feitas. A impressão ao entrar no roadster é que você está em um kart, todos os comandos estão perto e são fáceis para manusear. Mas então, basta olhar para os botões com mais atenção para deixar a ideia de kart para trás e imaginar que está em um helicóptero. Isso porque os comandos para acionar os vidros, luzes, travamento das portas e outros são feitos por meio de chaves seletoras que lembram as mesmas implantadas em aeronaves.
Os ocupantes do Mini contam com sistema de som de alta definição Harman Kardon, navegador, ar-condicionado automático digital, airbags dianteiros e laterais, bancos exclusivos de couro e pedaleiras de alumínio, entre outros equipamentos como entradas para CD, porta USB e sistema Bluetooth. Por fora, o design diferenciado da linha ganha ainda mais esportividade com acessórios como rodas de liga leve de aro 17” Cross Spoke Challenge, spoiler traseiro que pode ser ativado de dentro da cabine e saída dupla de escape cromada.
Já o Citroën mistura estilos. As portas traseiras possuem puxadores “escondidos” (cujos vidros, curiosamente, não abrem), mais um ponto positivo para o estilo do DS4. A lista de equipamentos é extensa. Há o trivial para esta categoria, como direção com assistência eletro-hidráulica, airbags frontais e laterais dianteiros, controles de estabilidade (ESP) e de antipatinagem (ASR), luzes diurnas de LEDs, controlador de velocidade, GPS com tela colorida, ar-condicionado digital de duas zonas de atuação, sensores de estacionamento dianteiro e traseiro com indicação gráfica e rádio com CD player, MP3, Bluetooth e entrada USB.
Mas o que diferencia o DS4 são itens geralmente encontrados apenas em castas superiores, como dispositivo de alerta de ponto cego nos retrovisores externos, acionamento das luzes de emergência em caso de frenagem brusca, airbags de cortina (totalizando seis bolsas), faróis bi xênon com lavadores, acendimento automático e auto-direcionais; auxílio de partida em subidas e descidas (Hill Assist), lanterna móvel no porta-malas, para-brisa panorâmico com para-sol deslizante, auxiliar de baliza com avaliação do espaço disponível e massageador nos bancos dianteiros.
Apesar de contar com apanhados esportivos, a direção do DS4 não é tão precisa quanto o sistema do Mini. É possível se cansar facilmente em dirigir o modelo no trânsito, isso porque a direção enrijecida colabora para o carro acelerar com segurança, mas é imprecisa em pequenas manobras.
Quem está cansado de Audi A3, BMW Série 1 e os Mercedes-Benz Classe A e Volvo V40, podem se apaixonar pelo Mini JCW Roadster e pelo invocado Citroën DS4. De um lado você terá um pequeno valente, capaz de surpreender com mecânica de ponta e sistema de som convincente. Do outro, você encontrará um compacto bravo, recheado de atrativos, bom equipamento de som e mais conforto, mas se cansará de enfrentar o trânsito. O fato é que ambos são boas escolhas para quem tem o desejo de ostentar e farão você dançar conforme a música.
Mini John Cooper Works Roadster
Pontos fortes – motor, câmbio, direção, estilo, economia de combustível e sistema de som, conversível;
Pontos fracos – ruído interno, suspensão enrijecida (se você quiser rodar mais na cidade do que na estrada), preço.
Quanto custa? R$ 158.950
Citroën DS4
Pontos fortes – motor, câmbio, estilo, conforto, sistema de som e multimídia, sensores de ponto cego, massageador nos bancos, portas traseiras discretas;
Pontos fracos – suspensão enrijecida (se você quiser rodar mais na cidade do que na estrada), direção pesada.
Quanto custa? R$ 102.990