Ford F-100 1962: Desistir? Jamais!

Depois de muito tentar, customizador paulista – morador de Goiás – finalmente consegue cativar a esposa com uma Ford F-100. Para isso foi preciso, entre outras coisas, se livrar de todos os outros carros…

Texto: Vitor Giglio

Fotos: Elcio de Souza Junior e André Schervenski/Divulgação

Persistir é um verbo que, muito provavelmente, se encontra grafado em letras maiúsculas no dicionário do médico – e rodder – paulista Elcio de Souza Junior. Morador da cidade de Rio Verde, “a capital do agronegócio”, em Goiás, já há alguns anos, Elcio imergiu no universo automotivo desde muito cedo, quando nutria uma paixão por jipes e veículos off-road.

Com o passar dos anos, os 4×4 foram aos poucos dando lugar a modelos de época, como Landau e Dodge. Até mesmo outra picape F-100 (que não esta da reportagem) já frequentou a garagem do médico. O que todos esses veículos tiveram em comum? A não aprovação de Valéria de Souza, esposa de Elcio. Mas qual seria o motivo para esta resistência? Será que o dinheiro gasto pelo médico nesses carros ou o tempo que dedicava a eles nas horas vagas? Quem responde é o próprio Elcio. “Os dois (conta, aos risos)”.

Destino?

Como se toda esta história já tivesse sido escrita mesmo antes de se tornar realidade, Elcio ganhou de seu cunhado, 12 anos atrás, a miniatura de uma F-100 preta, réplica extremamente fiel aos modelos dos anos 1960.

Pois bem, qual viria a se tornar o primeiro de todos os carros a ser oficialmente aceito e bem visto por sua esposa Valéria? Exatamente a F-100 preta, de 1962, que ilustra esta reportagem. “Dois fatores foram extremamente importantes para que isso acontecesse. O primeiro é que ela realmente gosta de andar no carro e me ajudou em todas as etapas do projeto, até ia comigo na oficina, às vezes. O segundo, e fundamental, é que, para montá-lo, aceitei abrir mão de todos os outros que tinha”, conta Elcio, resignado com o ditado “não se pode ganhar todas”.

Meio original, meio modificada

É assim, preservando os traços originais, mas aperfeiçoando em quesitos como tecnologia, entretenimento e conforto, que Elcio gosta de ver seus hot rods. Prova disso é a parte externa da picape, que manteve todas as características de época, e ganhou novidades pontuais, como uma nova abertura (agora invertida) para o capô, emblemas originais trazidos dos Estados Unidos, caçamba stepside com assoalho de lata e acabamentos em aço inox e rodas de 20” envoltas por pneus 275x45x20.

Por dentro, o modelo 1962 mergulhou com tudo no século 21. O volante é da Lenker, revestido de couro. O novo painel recebeu instrumentos Cronomac da linha Hot Silver. A coluna de direção original foi substituída por uma escamoteável em alumínio da Art Billets e a manopla de câmbio agora é assinada pela Shutt (modelo R8).

O banco inteiriço foi revestido de couro e com trilho para regulagem. O console de teto é da Dodge Dakota. Sistema de áudio com player e alto-falantes Pioneer, subwoofer Bomber e amplificador Hurricane também foi adotado. Para finalizar os itens conforto e segurança, vale a menção de vidros e travas elétricas e alarme Pósitron. “Um detalhe importante é que o interior das portas também foi revestido em couro e também substituímos as maçanetas internas por modelos de alumínio da Art Billets. Já o painel, além de modificado, foi iluminado com LED’s na cor azul”, lembra Elcio.

Street truck!

A picape recebeu uma honestíssima preparação para rodar nas estradas, que é capitaneada por um propulsor Ford V8 302. O carburador é da Holley, de 650 cfm. Tanto módulo de ignição quanto distribuidor eletrônico são assinados pela MSD.

A Edelbrock é a fabricante do coletor de admissão e do filtro de ar. O radiador é de alumínio e o câmbio, manual de cinco marchas, oriundo da F-1000 4.9, bem como o diferencial. A suspensão dianteira é da F-100 Twin Bean e na traseira conta com eixo rígido e feixes de mola. Para frear este ímpeto, foram adotados freios a disco na dianteira e tambor na traseira.

Feliz com a customização da picape, a aprovação da esposa e a reportagem na Revista Car Stereo, Elcio é só agradecimentos. “Ter um carro como esse sempre foi um sonho. Vê-lo na revista transcende a esse sonho. Gostaria de aproveitar para agradecer aos amigos Pedro Lutti, Huldan Freitas e Mauricio Hernandez”, finaliza o doutor em medicina, e agora também em hot rods.

Galeria

Quem fez:

  • Art Custom Garage (funilaria e pintura). Tel. (62) 98582-7147
  • Igor Butkewitsch (mecânica). Tel. (62) 99244-4822
  • Autos Bell (elétrica). Tel. (62) 99183-6326
  • Ronaldo Silva (tapeçaria). Tel. (62) 99605-1522
  • Patrick (som). Tel. (62) 3291-5016

Ficha técnica:Ford F-100 1962

Mecânica

  • Ford V8 302
  • Carburador Holley
  • Módulo MSD
  • Distribuidor MSD
  • Coletor Edelbrock
  • Filtro de ar Edelbrock
  • Câmbio manual da F-1000 4.9
  • Suspensão dianteira da F-100 Twin Bean

Parte externa

  • Rodas de 20”
  • Pneus 275x45x20
  • Emblemas importados
  • Caçamba stepside

Parte interna

  • Volante Lenker
  • Coluna de direção Art Billets
  • Painel personalizado
  • Instrumentos Cronomac
  • Manopla Shutt
  • Console de teto Dodge Dakota
  • Player Pioneer
  • Alto-falantes Pioneer
  • Subwoofer Bomber
  • Amplificador Hurricane
  • Alarme Pósitron