Prosseguindo na luta contra a poluição do ar e, também, como ferramenta para estimular a economia após a pandemia, governos europeus estão apoiando fortemente a produção de carros elétricos

Texto: Vivaldo José Breternitz

Fotos: FCA / Divulgação

O governo britânico pensa dar subsídios de até seis mil libras aos compradores de elétricos zero quilômetro, sendo que os veículos que pertenciam a esses compradores seriam transformados em sucata. A França e a Alemanha falam em subsídios de até doze e seis mil euros respectivamente.

Mas em todo o mundo, além dos preços, há um fator que dificulta a popularização dos elétricos: a chamada range anxiety, ou o medo de ficar sem energia – não é possível buscar um galão de energia em um posto…

Pensando em eliminar esse medo, o governo alemão determinou que todos os postos de combustível do país deverão ter carregadores para alimentar os elétricos, que são apenas cerca de 2% dos veículos que rodam no país, sede de gigantes da indústria como Volkswagen, BMW e Daimler e que receberá uma grande fábrica da Tesla em breve.

Mas a nova lei pode não ser suficiente para eliminar a range anxiety. Carros elétricos normalmente tem autonomia menor do que os movidos a derivados de petróleo e pesquisas indicam que, além dos carregadores instalados nos mais de catorze mil postos da Alemanha, serão necessárias mais estações de recarga, chegando a um total de setenta mil – atualmente, estão disponíveis cerca de 27 mil. Também serão necessários cerca de sete mil pontos para cargas rápidas.

De qualquer forma, vai se desenhando um cenário que permite acreditar em um grande crescimento do mercado de carros elétricos, com impacto em diversos setores, inclusive o petrolífero.

No Brasil, parece que a postura é esperar para ver o que as matrizes das grandes empresas automobilísticas farão, e enquanto isso, apoiar financeiramente aqueles que tem fábricas no país, tentando manter empregos. Temos aqui pouquíssimos elétricos, vendidos a preços absurdos e com apenas cerca de 140 estações de abastecimento, um número que inviabiliza um crescimento no número desses carros rodando em nosso país.

*Vivaldo José Breternitz é Doutor em Ciências pela Universidade de São Paulo, é professor da Faculdade de Computação e Informática da Universidade Presbiteriana Mackenzie.