Popular e substituto do Chevette Junior, Corsa Wind ganha motor de Fórmula 3 preparado pela alemã Spies e revela 266 cavalos para deixar saudades

Legado é tudo aquilo que deixamos para as próximas gerações. Seja material, afetivo, uma lembrança ou um momento, legados costumam ser associados a coisas boas, e homens de bem procuram sempre deixar o que de melhor aprenderam em suas vidas para seus herdeiros. Leonardo Perez, de Brasília (DF), recebeu do pai a paixão por carros rápidos e hoje o homenageia em seu Chevrolet Corsa numeral 09, prometendo deixar o modelo como legado para seu filho Lucas, o mesmo carro que recebeu de seu pai Eduardo. Herança que perdurará por outras gerações.

Leonardo já possuía outro carro preparado, inclusive de uso diário. Mas, em meados de 2010 – período que passou a conhecer o “mundo” do track day – a ideia de um projeto exclusivo para pistas foi ganhando moldes. Em 2012 o carro foi adquirido de um amigo e já contava com motor C20XE de Calibra/Vectra GSI, câmbio curto, freios maiores e mais algumas modificações. No meio do caminho apareceu um motor C20XE de Fórmula 3 preparado pela alemã Spies com sistema de cárter seco, injeção inglesa MBE e quase 266 cavalos. Este mesmo motor foi vice-campeão das 12 horas de Tarumã (RS) e cairia como uma luva no cofre do Corsa, que já contava com motor semelhante.

Mas nem tudo são flores e projetos nunca saem exatamente como planejados. Acrescente a isso a irresponsabilidade de profissionais e a falta de capacidade técnica de outros e você tem um proprietário aflito e prestes a desistir de tudo. Nessas horas o melhor é parar tudo, colocar a “mão na massa” e contar com a ajuda de bons amigos e parceiros. Leonardo passou a se envolver mais e estudar sobre tudo o que envolveria as modificações em seu carro. As coisas começaram a caminhar como deveriam e, como diz o ditado, “o olho do dono é que engorda o gado”.

O motor 2.0 16v aspirado foi completamente revisado pelo experiente Leonardo Marinho. Os pistões e anéis da Omega Racing, as bielas da Pankl e o virabrequim especialmente projetado pela Spies estavam em ótimo estado, mesmo após 12 horas ininterruptas de prova em Tarumã. Óleo trocado, motor fechado e a saúde mostrou-se plena quando a bomba de óleo externa SBDev apontava 8 bar de pressão. O cabeçote é uma das peças chaves da preparação deste motor. Amplamente estudado e preparado pela Spies, a quantidade de fluxo admitida pela ITB da Spies é dosada com maestria por um comando com 310° de graduação e alguns segredos em seu overlap. Válvulas de admissão, escape, tuchos, molas, varetas e válvulas são especificamente desenvolvidas para a preparadora alemã. O volante do motor em aço é aliviado para favorecer a subida de giros até as 8.000 rpm com seus 14,0:1 de taxa.

A bomba de combustível interna leva o etanol para o “surge tank” instalado no local do estepe. Uma bomba de combustível Bosch se encarrega de enviar o combustível até um dosador Spies e de lá ele segue sob 3,5 bar de pressão para os bicos Deka Siemens de 80 lb/h. A ignição conta com bobina de Chevrolet Vectra e velas NGK Iridium IX e todo o conjunto de injeção e ignição é administrado por uma central Magneti Marelli que manda as informações direto para o dash painel, bem à frente do piloto. O escape é um 4×1 confeccionado pela Conforma Inox que acaba no meio do carro e não possui abafadores. O ronco é algo indescritível.

Flerte fatal!

O interior é completamente depenado e apenas o básico é o que compõe o habitáculo. Dois bancos em concha Sparco modelo Evo seguram o piloto e seu “passageiro da agonia” atados a cintos da mesma marca com quatro pontos de fixação. O volante é um Sparco revestido de camurça para não deixar as mãos escorregarem durante a pilotagem e debaixo da casca do painel habitam o dash painel completo da Magneti Marelli e um leitor de sonda wide da AEM. A alavanca de câmbio da Sparco é quem comanda as marchas e pedaleiras da Tilton com regulagens tornam a direção mais segura.

Contando com um câmbio Chevrolet F18 em conjunto com um diferencial do F16, a embreagem de Fórmula 3 não sofre tanto para tentar passar os 266 cavalos para as rodas. Como trata-se de um carro muito leve e com muita potência, a adoção de um blocante LSD da Quaife se fez necessária. Com todo este aparato, quem se vira para tracionar bem são os pneus slick Pirelli PZero de medidas 185/565 montados em belas e leves rodas Enkei RPF1 de medidas 7,0×15”. É através delas que se vê as enormes pinças de freio Wilwood Dynalite tanto na dianteira quanto na traseira que estancam o carro ao prensar os discos de 288 mm da dianteira.

As rodas ainda deixam ver um pouco do que é feita a suspensão. Um jogo de amortecedores preparados para a Copa de Marcas e Pilotos conta com molas Red Coil com especificação para pista. A amarração da carroceria é feita com uma gaiola de segurança de oito pontos seguindo as especificações da CBA para o Campeonato de Marcas.

Originalmente branco e atualmente azul, a cor escolhida para o Corsa é uma homenagem ao pai de Leonardo que corria no Autódromo Internacional Nelson Piquet, em Brasília, a bordo de um Maverick na mesma cor. Os vidros foram substituídos por policarbonato, restando apenas o para-brisa em vidro. O aerofólio foi feito em fibra de carbono e segue os mesmos moldes do modelo GSI. Redução de peso é uma ordem em carros de pista.

No retrovisor central um terço cristão, no para-brisa o numeral #9, no peito uma saudade eterna do pai e na mente uma lembrança clara daquele que deixou para o filho mais do que responsabilidades. Deixou um sentimento, uma honra e uma paixão. Um legado e tanto. “Vai com Deus, pai!”.

Quem fez:

Preparador Leonardo Marinho Moreira

(61) 9966-6664.

Motor

Motor aspirado; cilindrada 2.0; potência 266 cavalos; pistões Omega Racing; anéis Omega Racing; bronzinas Originais; bielas Pankl; virabrequim Spiess; bomba de óleo externa da SBDev; pressão de óleo 8 bar; volante do motor em aço e aliviado; cabeçote Spies; junta de cabeçote em aço; comando de válvulas 310; válvulas de admissão Spies; válvulas de escape Spies; molas cabeçote Spies; varetas Spies; tuchos Spies; taxa de compressão 14:1; refrigeração original, sem ventoinha;

Alimentação Siemens 80 lb/h; módulo de injeção Magneti Marelli; bomba de combustível GTI; dosador Spies; pressão da linha 3,5 bar; combustível etanol; tanque de combustível original; coletor de admissão Spies; coletor de escape Conforma Inox; bobina GM Vectra; corte de giro 7800; cabos de vela originais; velas Iridium;

Estrutura Platô de embreagem  mesmo usado na F3; disco de embreagem  mesmo usado na F3; rolamento de embreagem  mesmo usado na F3; câmbio  F18; diferencial  F16; blocante  LSD da Quaife; alavanca de câmbio Sparco; suspensão dianteira Red Coil de Fórmula; suspensão traseira Red Coil; amortecedores dianteiros Marcas e Pilotos; amortecedores traseiros Marcas e Pilotos; freios dianteiros e traseiros Willwood a disco; rodas dianteiras e traseiras Enkei RPF1 R15; pneus dianteiros e traseiros Slick Pirelli P0 185/565;

Interior

Gaiola 8 pontos; bancos Sparco Evo; cinto de segurança  4 pontos Sparco; volante Sparco; contagiros Dash Magneti Marelli; Shift Dash Magneti Marelli; manômetro de pressão de óleo Dash Magneti Marelli; manômetro de pressão de combustível Dash Magneti Marelli; termômetro de temperatura de água Dash Magneti Marelli e Hallmeter AEM Wideband.