Foto: Aston Martin Red Bull Racing / Reprodução

Por diferentes motivos, a temporada de 2020 da Fórmula 1 será sempre lembrada pelo Grande Prêmio do 70º aniversário da categoria, realizado no último dia 9 de agosto em Silverstone. Em primeiro lugar, mesmo que não tivesse acontecido nada de tão marcante assim durante essa que foi a quinta corrida do ano, o simples fato de ter sido realizado um GP em comemoração às sete décadas da Fórmula 1 no mesmo circuito em que a sua primeira corrida ocorreu já seria algo a se destacar.

Mas o GP em si teve pelo menos dois outros fatos notáveis, um deles um tanto surpreendente enquanto o outro, nem tanto. A surpresa ficou por conta da primeira vitória em 2020 do holandês Max Verstappen, da escuderia austríaca RBR. Já o acontecimento que todos esperavam ficou por conta de Lewis Hamilton, da escuderia alemã Mercedes. Com o segundo lugar na prova, o britânico alcançou seu 155º pódio na carreira, o que, como comentou a matéria da ESPN publicada logo após a corrida, o fez igualar o recorde do lendário Michael Schumacher.

Como foi o segundo fim de semana em Silverstone

No domingo anterior, Hamilton havia conquistado sua terceira vitória na temporada no Grande Prêmio da Grã-Bretanha, realizado neste mesmo circuito de Silverstone, enquanto seu companheiro de equipe, o finlandês Valtteri Bottas, sequer pontuou. Com isso, como foi informado no mesmo dia em uma matéria do UOL, Hamilton passou a ter uma distância de 30 pontos para Bottas na disputa pelo título da temporada – uma vantagem e tanto se lembrarmos que na Fórmula 1 a vitória vale 25 pontos.

No treino de classificação para a segunda corrida em Silverstone, porém, foi Bottas quem conseguiu a pole position, enquanto Hamilton ficou com o segundo lugar no grid de largada. Inclusive o britânico chegou a se ver ameaçado pelo surpreendente Nico Hülkenberg, da Racing Point, que fez o 2º melhor tempo no Q2. No Q3, no entanto, Hamilton conseguiu novamente superá-lo e por pouco não alcançou a pole position. O vídeo abaixo, com os melhores momentos do treino de qualificação com a transmissão do SporTV, retrata bem como foi toda essa dinâmica.

Assim, antes da corrida do dia 9 de agosto, tudo indicava que veríamos mais uma vitória de um dos carros da Mercedes e possivelmente a quarta vitória de Hamilton no ano. Isso ajuda a entender por que, em 8 de agosto, logo após a definição das posições do grid de largada, o site de apostas online da Betway dava um retorno de 1.08 para cada aposta a favor do título de Hamilton nesta temporada. Outra forma de entender isso seria a seguinte: segundo os prognosticadores profissionais, as chances de Hamilton conquistar seu sétimo campeonato mundial em 2020 seriam de mais de 90%. Como explicar tamanha confiança no sucesso desse piloto de 35 anos que há cinco anos revelou que se contentava em simplesmente chegar aos mesmos três títulos de seu ídolo Ayrton Senna, que até hoje é celebrado pela sua antiga escuderia, a McLaren?

Os adversários da Mercedes lutando contra o tempo

Em primeiro lugar, há que se destacar que, por mais que ninguém duvide do talento de Verstappen, que em 2016 se tornou o piloto mais jovem a vencer um Grande Prêmio, o fato é que a RBR continua se desdobrando para fazer frente à Mercedes. A vitória no Grande Prêmio do 70º aniversário teve muito a ver com uma situação inusitada: dos dez primeiros no grid de largada, o holandês foi o único a começar já com pneus duros, conforme comentado por Rafael Lopes, do blog Voando Baixo. Essa hegemonia por parte da Mercedes se deve principalmente ao patrocínio por parte da Petronas, estatal de petróleo e gás da Malásia. A parceria entre ambas as empresas começou ainda em 2010 e, desde 2014, a escuderia alemã venceu todos os campeonatos de construtores da Fórmula 1.

Um segundo motivo pelo qual os prognósticos apontam como sendo ainda menos provável que este ano algum outro piloto tire o título das mãos de Hamilton é que a temporada de 2020 será muito mais curta do que as anteriores: em vez das 22 corridas inicialmente previstas, deverão ser realizadas apenas 13. Isso significa que cada vitória tem um peso ainda maior do que normalmente teria. O sucesso de Verstappen na segunda corrida de Silverstone apenas mostra que mesmo um grande piloto como ele precisa torcer não só para que a sua equipe adote uma estratégia vitoriosa, mas também para que as Panteras Negras da Mercedes tenham um desempenho abaixo da média. E isso, convenhamos, vem sendo um situação cada vez mais rara.