Texto e fotos: Bruno Bocchini

O Chevrolet Captiva continua mexicano, mantém “espírito” familiar, segue com a linha do conforto e flerta com a robustez. Na versão 2015, o modelo recebeu teto solar de série e – perdendo a vocação tradicionalista – passou a contar com streaming de áudio. Além disso, faróis com máscara negra e novas rodas de 18” também são de série.

A novidade diante do sistema multimídia Mylink que equipa o SUV possibilita aos ocupantes do veículo escutar podcasts, shows e notícias captadas pelo smartphone diretamente no sistema de som do veículo. E utilizar os recursos é bem simples. Apresentada em 2012 no país e disponível em toda a linha de veículos da marca (Onix, Prisma, Cobalt, Spin, Cruze, S10, Trailblazer, Tracker, Captiva e Camaro), a atual geração do Mylink traz tela de 7” sensível ao toque, Bluetooth e entradas USB e AUX que permitem ao usuário maior interação. Há ainda leitor de CD para os mais nostálgicos.

Deixando a tecnologia de lado, o modelo continua em versão única com motor 2.4 Ecotec, cabeçote e bloco em alumínio, duplo comando de válvulas continuamente variáveis e sistema de injeção direta SIDI (Spark Ignition Direct Injection) de 184 cv e 23,8 kgfm. A transmissão é automática de seis marchas. O carro ainda vem equipado com seis airbags, controle eletrônico de tração e estabilidade, direção hidráulica, ar-condicionado, bancos dianteiros com aquecimento e a função “remote start”, que aciona o motor e ar-condicionado à distância.

Quanto ao motor, que sobra no antigo Captiva V6, o Ecotec cumpre papel discreto. As arrancadas, retomadas e torque em baixas rotações não chegam a decepcionar. O balanço nas curvas lembra que se trata de um veículo alto e nessa hora o controle de estabilidade é bem aguardado. O sistema de suspensão repassa grande parte das imperfeições da pista para dentro do habitáculo. Em altas rotações, o motor é ruidoso. E o costumeiro sistema escolhido para a troca manual de marchas –  um botão localizado na alavanca de câmbio –, não é prático quando comparado aos modelos com troca realizada no volante (do tipo borboleta) ou na alavanca. A visibilidade traseira é outro fator importante, uma vez que fica prejudicada pela coluna C muito larga.

A suspensão é moderna, com multilink atrás e uma calibração que concilia o elevado peso com uma estabilidade razoável e conforto que se espera de um carro com essa proposta. Os freios são a disco nas quatro rodas.

No interior, que tem bom acabamento com plásticos e tecidos de boa qualidade, o único pesar vai para a parte plástica que fixa a base do porta-objetos abaixo dos comandos do ar-condicionado (talvez seja um problema apenas da unidade avaliada por Car Stereo, mas a peça desprendia da estrutura a todo momento). Por outro lado, é a eletrônica quem manda no projeto da Captiva. O computador de bordo traz informações interessantes como a durabilidade do óleo e pressão dos pneus. O painel informa até se o reservatório do lavador do para-brisa precisa ser abastecido. Esses “mimos” fazem a diferença para um casal exigente que gosta, sobretudo, de viajar nos finais de semana.

A posição de dirigir é bem acertada e os bancos são confortáveis como em um sedã. Ao ocupar o banco do motorista você precisa identificar uma situação brevemente: para acessar a entrada USB é preciso pressionar levemente a estrutura do porta-copos e empurrá-la para trás, só assim é possível encontrar um porta-objetos profundo –  é nesse compartimento que você poderá “espetar” seu pendrive.

O sistema de som é equipado com seis alto-falantes que conseguem distribuir qualidade agradável (e nesse caso vale a pena ouvir música ou notícia, uma vez que acelerando mais forte o ruído do motor invade a cabine). Controlando pela tela da central fica fácil manusear qualquer ação, mas os botões laterais da tela enganam: em alguns momentos você pressiona com leveza e ele não aceita o comando, com mais força também não. Cabe encontrar o meio termo para acessar o menu, por exemplo.

Com aparência de desajeitado, o SUV encanta pela comodidade. Dirigir o modelo é como estar em um sedã bem equipado. Comparado com o Tucson, da Hyundai, o modelo é mais acertado e, claro, a Chevrolet cobra por isso. No último mês a montadora oferecia o Captiva por R$ 108.990,00. Para quem sonha com um SUV o preço ainda é salgado. E vale lembrar que o mercado está aquecido para esse segmento. Indiretamente outros modelos como Jeep Renegade, Peugeot 2008 e Honda HR-V, mais compactos, sacodem a cabeça do consumidor. A GM ainda tem o Tracker – que na teoria compete diretamente com os modelos citados acima, mas a partir de agora quem ficar longe da renovação não terá garantido um lugar no céu.

Chevrolet Captiva 2015

Preço: R$ 108.990,00

Vale a pena

Motor, câmbio, economia (média de 10 km/l na cidade e 12,3 km/l na estrada), central multimídia, sistema de som, conforto e espaço interno

Não vale a pena

Ruído interno, visibilidade traseira, volante (poderia ter melhor revestimento, menos liso) e preço