Texto: Vitor Giglio Fotos: Ricardo Kruppa
Flagrar estes dois modelos lado a lado é uma grata surpresa. No entanto, na década de 1980, a cena era pra lá de comum. Pensando em preservar a história automobilística nacional, somando-se a isso uma notória paixão pelo estilo de customização euro-look, os proprietários do Voyage 1981, e do TL 1972 – ambos modelos nacionais da Volkswagen – trazem nesta edição muita história para contar.
Eles são Gilberto Augusto Ressurreição Junior, o Beto, e Wilson G. Junior, o Fronha, comerciantes paulistanos aficionados por veículos da marca alemã e igualmente adoradores do euro-look.
Voyage
O brinquedo de Beto é o modelo LS 81/82. Ele conta que possui um vasto histórico com modelos da montadora, especialmente Fuscas, mas que chegou a hora de apostar em um carro diferente, e isto explica a escolha pelo Voyage. “O Fusca foi popularizado demais. Mesmo quando falamos de customização, parece que todos os carros ficam sempre iguais. Desta vez eu queria algo bem diferente”, afirma.
Beto conta que, quando adquiriu o Voyage, o modelo já se encontrava impecavelmente conservado, e que a ele agregou poucos, porém fundamentais, detalhes que o enquadram no euro-look.
Esses itens pontuais aos quais ele se refere são rodas JG6 de 15”, pneus de medidas 155x60x15 e suspensão fixa rebaixada. “Além disso, podemos destacar outros acessórios como farol de milha Cibié da década de 80, lanterna de freio e volante de couro do Gol”, lembra. Para-choque e tapeçaria, bem como a mecânica, permanecem originais.
Beto conta que seguiu à risca os preceitos de uma customização do gênero. “Um euro-look precisa, necessariamente, ser um carro confortável de se guiar, ser rebaixado e manter uma série de acessórios que remetam ao original. Foi o que fiz”, garante.
Ele destaca que outro fator importante quando falamos de euro-look é que se trata de um estilo que não é tão caro quando comparado a outros. “O carro está impecável, do jeito que eu quero. Futuramente vou apenas adicionar uma suspensão a ar para, enfim, dizer que ele está pronto”, finaliza.
TL
Wilson Junior, o Fronha, conta sua história paralela, mas não tão distante assim da contata por Beto. “Meu negócio é carro da Volkswagen a ar. É isso o que realmente me interessa”, afirma.
Seu exótico modelo, um Volks 1600 TL 1972, era um dos mais populares carros do país até a chegada do Passat, em 1974. Ele possui motorização traseira refrigerada a ar e a mesma plataforma mecânica do Fusca da época.
Derivado do Typ 3 alemão, o modelo acumulou boas vendas nos anos 70, sendo que o TL e sua outra versão, a Variant, inclusive superaram seu maior concorrente à época, a Ford Belina. A chegada do Passat, juntamente ao lançamento da Brasília, acabaram por decretar o fim dos dias para o modelo, em 1976.
Fronha agregou ao TL – adquirido há cerca de um ano – rodas 914 de 15”. “A suspensão foi rebaixada por meio de kit catraca na dianteira e regulagem com facão na traseira”, conta. O restante permanece indubitavelmente original. “Já tive muitos Fuscas, mas esse, sem dúvida, é um carro que chama muito mais atenção”, completa.
Ambos os modelos possuem placa preta, certificados e vistoriados pelo Fusca Clube do Brasil. Dois exemplos de euro-look genuinamente brasileiros. É de encher os olhos!
*Texto publicado na edição 181 da Car Stereo