Entidade revisou para cima as projeções para o desempenho do ano; expectativa de performance para recursos liberados melhora, mas ainda fica negativa no acumulado
A ANEF (Associação Nacional das Empresas Financeiras das Montadoras) acaba de divulgar o balanço dos resultados alcançados pelas instituições financeiras no suporte às vendas a prazo até o terceiro trimestre de 2020. O panorama traçado pelos indicadores revela a repercussão do novo cenário imposto pela pandemia de COVID-19 para o mercado de veículos, um dos mais afetados no período, mas que tem mostrado sinais de reação. Neste mote, a entidade revisou para cima as projeções para a performance dos recursos liberados no acumulado do ano, passando a perspectiva de retração de 22,6%, estimada em julho de 2020, para recuo de 11,8%.
No terceiro trimestre, houve queda de 7,6% no total de recursos liberados para financiamentos, com registro de R$ 107 bilhões frente aos R$ 115,7 atingidos em setembro de 2019. O movimento de retração desacelerou no início do segundo semestre, acompanhando as medidas de flexibilização socio e macroeconômicas. O resultado atingido no saldo total das carteiras demonstra o fôlego do setor, mantendo aumentos significativos de modo contínuo desde 2017 e registrando R$ 269,3 bilhões. O número representa crescimento de 12,8% no acumulado dos últimos doze meses frente ao registrado no mês de setembro do ano passado, mas deve ser visto com cuidado, indicando redução no ritmo de crescimento.
Além de analisar a conjuntura nacional, também é necessário estar atento às variáveis da cadeia produtiva, alerta Paulo Noman, presidente da ANEF. “Os resultados do total de recursos liberados foram positivos no trimestre, retornando aos níveis pré-pandemia, registrados até janeiro deste ano. Os bons números atingidos no primeiro trimestre têm segurado os indicadores, mas é preciso observar com cautela o comportamento da indústria nos próximos meses”, ressalta o executivo.
Historicamente, a participação das modalidades de crédito nas vendas de veículos e comerciais leves no Brasil tem mantido níveis estáveis, com pagamento à vista representando cerca de 45% e o CDC, 50% de todas as aquisições. Já a dinâmica do mercado de caminhões e ônibus tem sofrido alterações desde o início do ano.
Com planos máximos mantidos em 60 meses, o prazo médio das concessões de crédito, ou seja, o período desde a contratação até o vencimento da última prestação, subiu de 44,5 meses em setembro de 2019 para 45,2 no mesmo mês deste ano, indicando também cautela por parte do consumidor.
Foco de preocupação do mercado logo no início da crise, a inadimplência tem se mantido estável ao longo de 2020. Contrariando as expectativas, o indicador para pessoa física registrou queda de 0,4 ponto percentual no acumulado de 12 meses. Já a inadimplência de pessoa jurídica confirma a tendência com queda de um ponto percentual, em comparação com o mesmo período do ano passado.